Fazer turismo em Minas Gerais é sempre entrar em contato com a história, belezas naturais, marcos arquitetônicos, gastronomia típica e cultura regional. Em Caeté, a aproximadamente 60 km da capital Belo Horizonte, não é diferente. É lá que fica localizado o Santuário Nossa Senhora da Piedade, um dos reconhecidos atrativos das regiões turísticas do Circuito do Ouro e da Estrada Real.
Além dos patrimônios culturais e paisagísticos da Serra da Piedade, a cidade também é conhecida por ser o berço da construção do estado de Minas Gerais; o cenário da Guerra dos Emboabas; por ter na sua Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso um marco da arquitetura religiosa; por abrigar um rico acervo histórico no Museu Regional e pela tradição artística do bordado de bainha aberta, um saber transmitido oralmente através de muitas gerações.
Caeté está em local privilegiado: além de próximo da Capital, é a entrada para um dos roteiros turísticos mais bonitos de MG, o Entre Serras: da Piedade ao Caraça, do Circuito do Ouro. E ainda integra o Caminho de Sabarabuçu, uma das 4 rotas que fazem parte da Estrada Real.
Para quem está planejando um passeio pelas cidades históricas mineiras, sugiro incluir a pacata, porém muito charmosa, Caeté em seu roteiro de viagem. Já falei aqui no blog sobre um dos pontos altos do turismo no município, o Santuário Nossa Senhora da Piedade, e neste post abordarei a seguir um pouco mais sobre os demais atrativos.

Terra em que começou a Guerra dos Emboabas e deu início à formação do estado de Minas Gerais:
Foi em Caeté, lá em 1708, que iniciou a Guerra dos Emboabas, que hoje aparece nos livros de história do Brasil. O embate foi pelo domínio da exploração da região das minas entre os bandeirantes paulistas e migrantes de outras regiões, como portugueses e baianos.
Os bandeirantes foram os primeiros a descobrir ouro e queriam ser os únicos a explorar a riqueza. Com a chegada constante de pessoas vindas de outras regiões brasileiras e também de Portugal, a exclusividade bandeirante não se realizou. Pois não importava mais quem era o primeiro a chegar, mas sim quem extraísse o maior número possível de metais preciosos.
O conflito durou até 1709 e por causa dele foi criada em 1720 a capitania de Minas Gerais que viria a ser o “prenúncio” para a formação do estado de Minas Gerais. Também em Caeté, foi formado o “governo primaz de Minas” entre os anos de 1708 e 1709 que conduziu Manuel Nunes Viana a condição de primeiro governador à revelia da Coroa Portuguesa.
Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, um marco da arquitetura religiosa de Minas Gerais:
Um dos belos exemplares do barroco, a Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso foi a primeira igreja em alvenaria a ser construída no Brasil. Sua planta tem autoria atribuída a Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho. E boa parte das obras dentro da igreja são de Aleijadinho.
A Matriz foi construída entre 1752 e 1758, possui 32 metros de altura e 22 de comprimento. Em seu interior estão os primeiros retábulos em estilo rococó da capitania.
Como a igreja levou alguns anos para ficar pronta, cada altar presente nela foi construído em um período diferente e também custeado por uma irmandade diferente. Nos 8 altares é possível identificar características das 3 fases do período barroco: nacional português, o joanino e o rococó.
Museu Regional de Caeté:
O Museu Regional de Caeté foi inaugurado em 1979 e instalado em um edifício tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional – Iphan. Um exemplar significativo da arquitetura civil do período colonial do município. Construída nos fins do século XVIII, a casa pertenceu, entre outros, ao primeiro Barão de Catas Altas, João Batista Ferreira de Souza Coutinho, proprietário da mina de ouro no gongo soco, localizada no caminho que liga Caeté ao município de Barão de Cocais.
Seu acervo museológico conta a história de formação da região de Caeté, passando pela religiosidade da região e ambientações do modo de vida dos séculos XVIII e XIX. As peças originárias de várias regiões de Minas Gerais, compreendem itens do imaginário sacro (ex-votos, atabaques, castiçais, cruzeiros, quadros, estandartes, o altar mor da capela de São Manuel), do cotidiano nas minas (móveis, instrumentos, carrancas), assim como peças utilizadas durante o período escravocrata no Brasil (gargalheiras, cangas, algemas).
O museu também atua na preservação da riqueza artística, dos saberes e fazeres do povo de Caeté, com seções dedicadas à iguarias locais – como o Queijo do Frei Rosário, o Bolinho de Feijão e doces como o Queijão de Caeté – e também ao bordado de bainha aberta.
Bainha aberta das bordadeiras de Caeté:
A bainha aberta é uma técnica que surgiu na região de Caeté ainda na época do Ciclo do Ouro. Nela as artesãs habilmente desfiam parte do tecido e reformulam a trama com agulha e linha formando padrões. A tradição foi transmitida oralmente através de gerações e se mantém viva através de projetos, exposições e grupos como o Historiarte Bordados.

As artistas locais também desenvolvem trabalhos com o bordado livre, método mais amplo, com possibilidades que variam de acordo com tecidos, linhas e efeitos desejados.
Além de preservar a cultura e estimular novas formas de expressão, os bordados também proporcionam renda extra para muitas mulheres locais.
Ecoturismo e esportes de aventura
Cercada pelas serras e densa vegetação, Caeté também é escolha de quem pratica atividades de ecoturismo e turismo de aventura. Destacam-se o Arvorismo, a Escalada, Trekking, Montain Bike, Motocross entre outros. A cidade já foi citada pela Revista Veja como um dos nove principais destinos do Brasil para a prática de esportes radicais.
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E a pedida para quem quer conhecer Caeté é estender o passeio e conhecer o Santuário da Serra da Piedade, além das belezas das cidades próximas, como Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas, que completam o roteiro Entre Serras, do Circuito do Ouro.
Sobre o Circuito do Ouro:
Formado por 4 roteiros temáticos, o Circuito do Ouro agrupa 16 municípios marcados pela época do ciclo do ouro e que possuem afinidades culturais, históricas e naturais, além de grande proximidade geográfica entre eles. Alguns dos municípios estão localizados próximos à região metropolitana de Belo Horizonte, e os mais distantes estão a, no máximo, 170 km da capital mineira.
Ao todo são 4 roteiros que integram o Circuito do Ouro:
– Entre Serras: da Piedade ao Caraça
– Entre Cenários da História
– Entre Trilhas, Sabores e Aromas
– Entre Ruralidades e Personalidades
Mais informações: https://circuitodoouro.tur.br/