“Etnografia Poética do Tabaco: a memória é uma corda bamba”, é o recém-lançado trabalho da jornalista e escritora Claudine Zingler, disponível online. O projeto conta com uma exposição de poemas temáticos tratando do universo da cultura do tabaco na região do Vale do Rio Pardo, além de uma série de quatro entrevistas com pesquisadores e agricultores.
“Eu nasci e cresci no Vale do Rio Pardo, em Santa Cruz do Sul e Vera Cruz, respectivamente. Nessa região existe a predominância massiva da cultura do tabaco, gerando impactos muito significativos na vida das pessoas da região. Todo mundo que mora por aqui tem algum tipo de relação com o tabaco – desde algum parente que é agricultor até a pessoa mesmo que trabalha em uma empresa fumageira. O comércio todo se move ao redor do período da safra em que estamos. Olhando superficialmente parece que foi sempre assim, mas na verdade tudo isso foi surgindo a partir de um investimento maciço de dinheiro das multinacionais que se instalaram por aqui”, revela a jornalista.
O cultivo do tabaco para exportação é massivo na região do Vale do Rio Pardo, tendo iniciado desde a época da chegada dos primeiros imigrantes germânicos. Posteriormente, a fumicultura tomou proporções de monocultura, que além de ser agressiva à saúde física e psicológica de agricultores e suas famílias, os torna reféns de multinacionais tabagistas e de insumos agrotóxicos que precisam ser aplicados na lavoura, conjuntura que implica inclusive na alta taxa de suicídio na região central do estado.
Atualmente, o tabaco é a principal fonte de renda da maioria dos agricultores na região. A fumicultura é uma das atividades que mais impactam na economia do Vale do Rio Pardo, a partir da presença de multinacionais e o trabalho informal de trabalhadores na lavoura, que depois remunerados, gastam seu salário majoritariamente no comércio local.
Partindo da vivência, de reflexões e de pesquisas sobre o tema, foram compostos seis poemas cujo o pano de fundo é fumicultura e seus aspectos históricos, sociais e políticos. Muito do que encontramos na série poética também surge por conta da própria vivência de Claudine, já que durante toda sua vida conviveu com essa realidade, assistindo diversos parentes vivendo a cultura do fumo, e vai em busca de muitas outras vivências que são atravessadas por esta realidade em suas subjetividades e historicidades, não apenas no Vale, mas até mesmo em outros países que têm o tabaco como um de seus principais cultivos.
Com a equipe de trabalho formada inteiramente por mulheres, Etnografia Poética do Tabaco conta com identidade visual de Carolina Moraes Marchese, desenvolvimento do site pela Idea Contenido (Kika Simone e Olivia Caetano), fotografia de Amanda Mendonça, assessoria de imprensa de Bruna Paulin, consultoria de redes sociais de Caroline Albaini (Bendita Comunicação) e brindes criados por Marília Bianchini.
Para mais informações, acesse: claudinezingler.com.br | instagram.com/claudinemesmo
ETNOGRAFIA POÉTICA DO TABACO
claudinezingler.com.br
Fotos: Amanda Mendonça