Primeira mostra no Brasil a reunir as obras de Carlito Carvalhosa desde o seu falecimento, em maio de 2021, a exposição Linhas do Espaço Tempo está em cartaz no Instituto Ling, em Porto Alegre, até o dia 10 de setembro.
A exibição em homenagem a um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira apresenta uma linha do tempo dos mais de 35 anos de carreira do artista. Com enfoque retrospectivo e prospectivo, a mostra é estruturada por obras-símbolos de diferentes fases, com registros e documentos, como os caderninhos de criação de Carlito que, até então, eram desconhecidos pelo grande público, e uma inédita instalação site-specific com postes de madeira.
A exposição tem entrada franca e pode ser conferida em visitas livres de segunda a sábado, das 10h30 às 20h, ou em visitas mediadas pela equipe do educativo do centro cultural nas sextas e sábados, às 16h e às 18h, mediante agendamento prévio e sem custo no site www.institutoling.org.br.
Antes ou após a visita, o público também pode conferir gratuitamente, no YouTube do Instituto Ling, um minidocumentário sobre a exposição Linhas do Espaço Tempo: Carlito Carvalhosa. Assinado pela produtora Eroica Conteúdo, o vídeo apresenta os bastidores da montagem da mostra e traz depoimentos do curador Daniel Rangel e da esposa de Carlito, Mari Stockler. No canal, também é possível conferir o bate-papo que marcou a abertura da mostra, em junho deste ano.
Sobre Carlito Carvalhosa
A obra de Carlito Carvalhosa (1961-2021) envolve predominantemente as linguagens da instalação, da pintura e da escultura. Nascido em São Paulo, ele ficou radicado por muitos anos no Rio de Janeiro. Nos anos 1980, integrou o Grupo Casa 7, em São Paulo, do qual faziam parte também Rodrigo Andrade, Fábio Miguez, Nuno Ramos e Paulo Monteiro. As tendências do neoexpressionismo eram visíveis na produção desses artistas, sobretudo a utilização de superfícies de grandes dimensões e a ênfase no gesto pictórico. No fim dessa década, após a dissolução do grupo e alguns experimentos com encáustica, Carvalhosa concebeu quadros com cera pura ou misturada a pigmentos. Nos anos 1990, dedicou-se à produção de esculturas de aparência orgânica e maleável, utilizando materiais diversos, caso das “ceras perdidas”. Ainda em meados dessa década, fez também esculturas em porcelana. A partir do início dos anos 2000, o artista começou a realizar pinturas sobre superfícies espelhadas. Carvalhosa também realizou instalações em que, além de técnicas usuais, fez uso de materiais como tecidos e lâmpadas.
Segundo o curador Daniel Rangel, “pensar, refletir e observar por meio de traços, rabiscos, desenhos, anotações, escritos e achados – em sua maioria guardados em cadernos de bolso – era uma prática comum no dia a dia de Carlito. Um processo típico de pesquisador, mas que, no caso dele, estava conectado a uma personalidade efusivamente curiosa e naturalmente disciplinada. Era um sedento pelo conhecimento; aprendia e ensinava com a mesma generosidade, recorrendo à sensibilidade e à formação privilegiadas para estabelecer profundos intercâmbios com entornos díspares – uma prática que foi marcada por conscientes (des)conexões com a historicidade da arte, sobretudo relacionada a uma constante pesquisa de materiais e suportes. Carlito não seguia um caminho reto e linear; preferia o trânsito circular entre espaços e tempos, suportes e materiais, o branco e as cores, o erudito e o popular, ciências e religiões. Opostos atraíam o artista, que explorava com frequência relações entre transparência, opacidade e reflexividade, criando uma espécie de “trialética” que viria a caracterizar sua produção. Tudo junto e, ao mesmo tempo, separado; uma amálgama de elementos díspares que se encontravam por meio do gesto do artista, tornando o diálogo quase eterno, assim como sua obra, assim como ele.”
Sobre o curador Daniel Rangel
É curador, produtor e gestor cultural. Mestre e Doutorando em Poéticas Visuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, graduado em comunicação social em Salvador, Bahia. Atualmente é curador geral do Museu de Arte Moderna da Bahia. Foi diretor-artístico e curador do Instituto de Cultura Contemporânea (ICCo) em São Paulo (2011-16), diretor de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, da Secretaria de Cultura do Governo do Estado (2008 a 2011) e atuou como assessor de direção do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) na gestão de Solange Farkas (2007-08). Em curadoria, dentre os principais projetos realizados, destacam-se a mostra REVER_Augusto de Campos, (2016); Ready Made in Brasil (2017); Quiet in the Land (2000), uma parceria entre o Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York, o MAM-BA e o Projeto Axé, em Salvador. Desenvolveu projetos curatoriais para a 8ª Bienal de Curitiba, Brasil (2015), a 16ª Bienal de Cerveira, Portugal (2013) e a II Trienal de Luanda, Angola (2010). Realizou ainda curadorias de mostras individuais de importantes artistas brasileiros, como Tunga, Waltercio Caldas, José Resende, Ana Maria Tavares, Carlito Carvalhosa, Eder Santos, Marcos Chaves, Marcelo Silveira, Rodrigo Braga, e Arnaldo Antunes, e com este último recebeu, pela mostra Palavra em Movimento, o prêmio APCA 2015 de Melhor Exposição de Artes Gráfica. É pesquisador associado do grupo de pesquisas Fórum Permanente do IEA-USP.
A exposição Linhas do Espaço Tempo: Carlito Carvalhosa é uma realização do Instituto Ling e Ministério do Turismo, com patrocínio da Crown Embalagens e Fitesa.
SERVIÇO – PROGRAMAÇÃO PRESENCIAL – ARTE
Exposição Linhas do Espaço Tempo: Carlito Carvalhosa
Artista: Carlito Carvalhosa
Curador: Daniel Rangel
Período de visitação: de 21 de junho a 10 de setembro
Visitas sem mediação: livres, de segunda a sábado, das 10h30 às 20h
Horários com mediação: sextas e sábados, às 16h e às 18h, mediante agendamento prévio e sem custo no site www.institutoling.org.br
Local: Galeria do Instituto Ling (Rua João Caetano, 440 – Três Figueiras – Porto Alegre/RS)
Entrada franca
Agendamento para grupos e escolas: solicitações pelo e-mail educativo@institutoling.org.br ou pelo telefone (51) 3533-5700.