Visitar o Peru foi importante pra mim de diversas formas. O país tem uma energia, uma história e um povo encantadores! Um dos momentos mais marcantes durante minha viagem de 1 semana pelo país, visitando Lima, Cusco e Machu Picchu, em 2014, foi justamente uma programação não planejada. Daquelas que por acontecerem de repente, ao acaso, se tornam ainda mais especiais. De todos os sites que eu li pesquisando sobre o Peru, ou sobre a capital, Lima, nenhum falava do Microteatro. Matérias existem, mas fato é que eu só fui conhecer a atração passeando com meus primos pelo bairro boêmio de Lima, Barranco.
Tentando fazer hora até abrir o bar Ayahuasca, que queríamos conhecer, passeamos pelas redondezas e nos deparamos com essa fachada iluminada, um jovem na frente entregando a programação do dia e um cartaz sinalizando o Microteatro Lima. Do que se trata? Peças teatrais de 15 minutos de duração, em espaços de 15m², para até 15 espectadores.
Nos interessamos na hora! E fomos ver quando iniciava a próxima sessão. Haviam 3 opções de peças, com temáticas diferentes, que são apresentadas simultaneamente. Não lembro o nome da peça que escolhemos, mas a trama abordava um sequestro. Ao entrar no local, uma espécie de casarão antigo, conhecemos um espaço cultural multifuncional que une também artes visuais e gastronomia. Até o horário da sessão, aproveitamos para beber uma cerveja, sentar nas poltronas da casa e conversar. Ansiosos por saber como seria este microteatro. Muitos jovens por ali, pessoal das artes, público que pareceu ser assíduo do local.
A proposta é levar a dramaturgia para espaços pequenos, encenando em um curto período de tempo e em contato mais próximo com a plateia, em número também menor que os teatros convencionais. Ao entrarmos na sala de 15m² logo entendemos que faríamos parte da história, e que os sequestrados da trama seriamos nós. A interação entre os atores e público é total! Lembro de sentir um misto de vergonha, nervosismo e alegria.
Pesquisando na internet sobre Microteatro e sua história, encontrei este texto de Yolanda Barrasa, sócia-fundadora do primeiro Microteatro:
O Microteatro nasceu em um prostíbulo. Em Madri, durante duas semanas em novembro de 2009, quase 50 artistas, entre diretores, autores e atores, apresentaram este projeto teatral idealizado por Miguel Acantud em um antigo bordel sob um único tema: “Por Dinero”.
Nos treze quartos do prostíbulo alojaram-se treze grupos autônomos e independentes, com o objetivo de criar micro-obra teatral que se adaptasse ao espaço e ao tema da prostituição. As peças se apresentavam quantas vezes fossem necessárias, dependendo da quantidade de público, durante três horas. Algumas peças chegaram a ser encenadas mais de vinte vezes por noite. Graças as diferentes abordagens de cada grupo, o público pôde experimentar visões bastante distintas do mesmo tema…
—
Este estilo se disseminou ao redor do mundo e hoje os Microteatros são encontrados em diversas capitais (inclusive esteve no RJ, durante uma temporada em 2014). Por enquanto, só conheci o de Lima e recomendo muito pra quem gosta de experimentar atrações culturais diferentes!
Quem aí conhece ou já assistiu a uma micro-obra teatral? Compartilhe sua opinião nos comentários! 🙂
Imagem destaque: Trip Advisor.