Está aberto para visitação em Porto Alegre o Museu da Cultura Hip Hop RS, o primeiro da América Latina dedicado ao movimento – que em 2023 celebra 50 anos. A inauguração também acontece no mesmo ano em que o Governo Federal assinou um pacote de medidas pela igualdade racial, entre eles, o Decreto de Valorização e Fomento à Cultura Hip-Hop e o Projeto de Lei (PL) que prevê a criação o Dia Nacional do Hip Hop, em 11 de agosto. A cena Hip Hop brasileira agora conta com uma instituição com ampla estrutura para celebração, preservação e resgate histórico desta cultura no Rio Grande do Sul.
O evento de estreia – no dia 10 de dezembro – contou com um público de mais de 2.000 pessoas, que acompanharam a cerimônia de inauguração e a abertura das portas dos espaços expositivos. Estiveram presentes o Prefeito de Porto Alegre Sebastião Melo, a Consul-Geral dos Estados Unidos Carrie Muntean, o Secretário-Executivo do Ministério da Cultura, Marcio Tavares, representando a ministra Margareth Menezes, o diretor de fomento da SEDAC RS Rafael Balle, a representante do Ministério da Gestão e Inovação Tânia Oliveira, diversos parlamentares, além da presidenta do IBRAM Fernanda Castro e o representante do IPHAN Pedro Clerot.
Com expectativa de 30 mil visitações ano, o complexo conta com quase 6 mil itens de acervo físico e digital sobre a história do Hip Hop gaúcho. Está estruturado com salas expositivas, atelier de oficinas, café, loja, estufa agroecológica, biblioteca, quadra poliesportiva, CT de breaking e um estúdio, em uma área de quase 4 mil metros quadrados na Vila Ipiranga em Porto Alegre.
Inspirado no The Universal Hip Hop Museum nos EUA, o Museu é uma iniciativa coletiva da Associação da Cultura Hip Hop de Esteio e objetiva o fortalecimento de outros estados brasileiros para criação de museus, organizando rede capaz de construir o Museu Brasileiro da Cultura Hip Hop nos próximos cinco anos.
Na sexta-feira, 8 de dezembro, foi firmado um contrato entre o Museu e a Petrobras, que assinará o patrocínio master do complexo, financiando a manutenção do espaço, atividades culturais e educativas no Museu pelos próximos dois anos. Através de um plano bienal de atividades aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura – Governo Federal, serão realizadas visitas guiadas para escolas públicas e instituições sociais, três novas exposições, mais de 40 atividades de formação dos elementos da cultura Hip Hop, além da realização de eventos multiculturais, gerando mais de 50 empregos diretos.
“Com o patrocínio da Petrobras, será possível manter o museu funcionando, com exposições, oficinas, eventos na área externa com DJ, MC, Breaking e grafite, atividades educativas e visitas guiadas“, comemorou a gerente de Patrocínios e Eventos da Petrobras, Alessandra Teixeira.
Lançamento de cartilha em parceria com IBRAM será em janeiro
Na ocasião também foi firmado um termo entre o Instituto Brasileiro de Museus, o IBRAM, e o Museu, que elaboraram em conjunto uma cartilha trazendo informações de como foi o processo de construção do projeto. O material será disponibilizado em janeiro de 2024, proporcionando a outros Estados brasileiros acessarem a metodologia e conhecimentos para que o Museu da Cultura Hip Hop do RS seja exemplo para fomentar outras iniciativas no gênero. “A inauguração do Museu da Cultura Hip Hop RS é fruto do esforço coletivo dos movimentos gaúcho e brasileiro, mas principalmente das pessoas que acreditaram no projeto desde o princípio.
A inauguração é o início de uma caminhada desse projeto, que nos coloca como pioneiros dentro do continente, sendo inclusive exemplo para que outros estados criem seus museus de forma fisica, organizada e profissional. Nesse sentido, o Museu da Cultura Hip Hop do RS abre suas portas para compartilhar conhecimento, tecnologias sociais e uma nova forma de relação em comunidade”, afirma Rafa Rafuagi, Coordenador Geral do projeto.
Quatro casas e associações dedicadas à cultura Hip Hop receberão computadores através do Museu
Durante a cerimônia também foi divulgada a doação de dez computadores para quatro casas associações dedicadas à cultura Hip Hop do RS: Centro Cultural – Alvo Cultural, Casa do Hip Hop Rubem Berta, as duas no bairro Rubem Berta, o Galpão Cultural Casa de Hip Hop no Morro da Cruz, também em Porto Alegre, e a Fluência Casa Hip Hop, em Caxias do Sul.
A partir de uma doação de equipamentos do TST para o Museu, parte dos computadores serão destinados a essas casas. “É uma ação de extrema importância, pois demonstra a relevância da existência de um equipamento como o museu, que canaliza e centraliza negociações, doações e diversas oportunidades de fomento para todo o movimento”, declara Rafuagi. “O movimento Hip Hop no Rio Grande do Sul tem experimentado um notável crescimento e consolidação, impulsionado, em grande parte, pela presença e atuação fundamental de diversas casas e associações dedicadas à cultura Hip Hop. Estes espaços não são apenas físicos, mas sim centros vibrantes e dinâmicos que desempenham um papel crucial no fortalecimento e expansão dessa expressiva forma de cultura urbana”, afirma.
Abertura do museu marca inauguração de dois pavimentos com exposições
A partir deste final de semana o público pode conferir dois andares com espaços expositivos que contam com conteúdos como a história do movimento no mundo e no Brasil, a apresentação dos cinco elementos principais da cultura Hip Hop – MC (rapper), DJ, breaking (dança de rua), graffiti e conhecimento; um quadro evolutivo das 5 décadas do Hip Hop e seus cruzamentos com outras linguagens como a moda, comunicação, esporte e os movimentos sociais. A exposição Universo Hip Hop, localizada no primeiro pavimento do espaço, homenageia grandes nomes da cultura Hip Hop: Lady Pink, Carla Zhammp, Lu Hackers Crew, Nelson Triunfo, Tio Trampo, Sharylaine, Grande Master Flesh, Rock Steady Crew, Os Gêmeos e o DJ Nezzo, retratados em graffite realista pelos artistas Erick Citron, Ana Scarceli e Leandro Alves.
No segundo andar, a exposição temporária Da Guedes – 30 anos, apresenta a trajetória do importante grupo gaúcho, formado em 1993, época em que despontaram várias bandas, e ajudaram a modificar o cenário musical brasileiro, que se rendia definitivamente para o Rap. Dividindo o palco com nomes como Planet Hemp, Ultramen, Racionais MC’s e Thaíde & DJ Hum, gravaram o nome na memória do público com rimas e beats que se tornaram clássicos. “Minha Cultura”, “Jogo da Vida”, “Bem nessa” e “Dr. Destino” se tornaram grandes hits do Rap, ajudaram a popularizar o estilo e a chamar mais a atenção para a arte produzida nas periferias de Porto Alegre.
De acordo com Fulvio Botelho, museólogo responsável pelo projeto, a exposição inaugural do Museu da Cultura Hip Hop RS apresenta um acervo amplo e diversificado doado por hip hoppers das nove regiões funcionais do Rio Grande do Sul. A mostra retrata as quatro décadas da cultura Hip Hop no estado, apresentando seus cinco elementos, suas origens, características e estilos, bem como suas relações com os centros urbanos. Além disso, a exposição destaca a atuação desses ativistas nas pautas sociais e lutas por direitos, promovendo igualdade e inclusão em diversas esferas, tais como gênero, etnia e crença. “Este comprometimento reflete características intrínsecas a este movimento, que busca incessantemente uma sociedade mais justa e igualitária”.
A partir de 2024 o Museu do Hip Hop RS vai receber grupos de escolas para vivências de ação educativa museológica e sobre a Cultura Hip Hop, possibilitando desenvolver conhecimento por meio da memória, história e cultura de maneira lúdica e com participação ativa das pessoas. “A vivência Hip Hop inicia com uma visita guiada ao complexo do Museu e suas exposições; em um segundo momento, o grupo é dividido conforme o interesse pessoal nos diferentes elementos da Cultura Hip Hop para receberem uma oficina sobre os conceitos básicos de DJ, MC, Graffiti, Breaking ou Conhecimento”, revela Rafael Mautone, coordenador pedagógico do projeto.
Com projeto arquitetônico executivo assinado pela Goma Oficina em parceria com o Coletivo Uanda e interiores pela Start Interiores, desde outubro de 2022 o público já tem acesso ao pátio do museu, que já recebeu diversos eventos e conta com uma empena com arte assinada pela artista Gugie – a maior feita com andaime fachadeiro do RS, com 360 metros quadrados pintados, 300 litros de tinta e 50 latas de spray utilizadas ao longo de 20 dias, uma quadra poliesportiva e a Estufa Agroecológica Periférica Flor do Gueto, nome que homenageia a rapper e ativista Malu Viana.
O Museu da Cultura Hip Hop do RS fica na R. Pq. dos Nativos, 545 – Vila Ipiranga e funcionará de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h. Mais informações em instagram.com/museuhiphoprs.
A iniciativa é financiada pela Lei de Incentivo à Cultura, conta com o patrocínio de Petrobras e NuBank e realização do Ministério da Cultura – Governo Federal, e em seu projeto de reforma contou com o financiamento do Pró-Cultura – RS – Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e do Ministério Público do Trabalho, patrocínio de Tintas Renner, Lojas Quero Quero e apoios da Fitesa e Instituto SLC. O prédio, uma antiga escola municipal, é uma concessão da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Informações via assessoria de imprensa